O Algoritmo Nosso De Todo Dia
Você já percebeu que sua vida é guiada por algoritmos? Bom, eu não havia pensado nisso até hoje pela manhã ao receber a notificação que meu vídeo postado há pelo menos 2 anos, foi removido do YouTube por “promover conteúdo nocivo” – interessante que era um vídeo de tutorial, mas enfim.
Mas com esse acontecimento e refletindo algumas coisas, cheguei a conclusão do quanto algoritmos atuam intensamente e diariamente em nossas vidas. Eu, como desenvolvedor, faço algoritmos frequentemente em minhas aplicações, só que em escala tão pequena que esqueço que de grão em grão a galinha enche o papo.
Vamos deixar isso mais claro, né? Então do início: algoritmos são instruções necessárias para desempenhar alguma tarefa que possuem começo e fim, ou seja, você sabe como começa e como termina a execução. Por exemplo, se eu fosse descrever de forma simples como escrever um artigo para sites, poderia então dizer:
- passo 1: ter uma ideia de assunto;
- passo 2: raciocinar se esse assunto tem relevância;
- passo 3: se não tiver importância buscar outro assunto, se tiver relevância continuar;
- passo 4: escrever as primeiras ideias;
- passo 5: ler, reler, analisar e refinar o texto;
- passo 6: buscar imagens que ilustram bem o assunto;
- passo 7: ler todo o artigo novamente e refinar caso precise;
- passo 8: postar no site.
Agora temos um algoritmo básico para produzir um artigo. E quanto mais detalhadas as instruções do algoritmo, melhor tende a ser a execução dele. Em nosso cérebro, por exemplo, existem algoritmos a todo momento dando instruções diversas para o corpo executar determinadas funções como: sorrir, ler, andar, respirar, etc, etc.
Quando pensamos em nossos smartphones, computadores, consoles, e diversos aparelhos, percebemos o quanto os algoritmos simplesmente estão lá desempenhando o que foram programados para fazer, porém quando vamos mergulhando cada vez mais nas camadas da tecnologia, chegamos nos softwares, ou aplicações, e nelas notamos o verdadeiro impacto que os grandes algoritmos causam em nossas vidas.

Imaginemos que estou decidido a criar uma rede social nova. O objetivo dessa rede social é compartilhar fotos de gatinhos. A forma de manter a rede seria atraindo petshops a pagarem um certo valor para sua marca e seus serviços aparecerem entre os posts que as pessoas olham no app. Então como precisaria pensar as funcionalidades básicas do aplicativo?
- ao abrir o aplicativo ter fotos e/ou vídeos de gatinhos;
- será possível curtir, compartilhar, salvar e comentar nos posts;
- a cada 8 posts 1 será de patrocinador (petshops);
- a rolagem deve ser infinita, o usuário recebe fotos e vídeos recomendados de outros usuários a todo momento;
- terá abas de feed, explore, posts e configurações do usuário.
Com essas funcionalidades básicas o código fonte vai ser gerado e dentro dele estarão os algoritmos responsáveis por fazer tudo funcionar como deveria. O algoritmo mais complexo e importante da aplicação será o responsável por entender os gostos do usuário e saber exatamente o que recomendar e a quem recomendar. À medida que o usuário vai lidando com o algoritmo, o usuário treina-o até chegar um ponto em que, passo a acreditar piamente, que o próprio algoritmo passa a treinar a pessoa. Por exemplo, decidi criar uma nova aba do aplicativo com trends, que as pessoas podem olhar quais são as que estão em alta, para replicar em seus posts e receber maior destaque e relevância dentro da plataforma.
Insiro no algoritmo do app que a trend da semana é postar foto do pet sentado no sofá de casa, por exemplo. Essa trend vai aparecer primeiro, na aba de trends que estão em alta. As pessoas vão olhar e clicar para ver as fotos da trend, então o algoritmo vai começar a recomendar para os usuários posts de gatos sentados em sofás. Os usuários vão ver as fotos recomendadas, vão reproduzi-las a seu modo e sempre que eu quiser criar uma nova trend para gerar cada vez mais vínculo com a minha plataforma, as pessoas vão reproduzir essa trend, pois foram treinadas pelo algoritmo a fazer isso.
Lembra quando falei no início do texto sobre a galinha encher o papo de grão em grão? Pois então. Quantos aplicativos você utiliza diariamente? Todo nosso comportamento está devidamente analisado e armazenado nos bancos de dados e linhas de código de diversos aplicativos que usamos diariamente.
O conjunto de nossas informações geram o que é chamado de persona, um modelo base que representa nossos gostos, tendências e dores. Por isso é extremamente comum, após uma pesquisa no google, encontrarmos produtos patrocinados relacionados a nossa pesquisa de segundos atrás em um outro aplicativo qualquer, que abrimos só para ver algum meme. Somos todos produtos virtuais em uma grande vitrine que é a internet, e somos vendidos para empresas que precisam vender produtos físicos e com as nossas tendências categorizadas, recebemos sempre a recomendação do produto que realmente estamos buscando (ou que só tivemos a curiosidade de pesquisar algo sobre).
Então saiba que tem algoritmo por aí que sabe mais do seu comportamento, das suas tendências e seus gostos pessoais muito melhor do que você mesmo sabe. No mundo virtual, se algo é de graça, significa que você é o produto!